domingo, 31 de julho de 2011



Olhando a foto, foi quando eu descobri que tua ausência inda doía e o tempo que passou não me serviu como remédio. E a minha paciência foi inútil e todo desapego incompetente. Eu me desvencilhei de livros, cartas e bilhetes e me desmemoriei por algum tempo.(Quis tanto ter você, depois silêncio). Mas nessa tarde estranha em que ensaio versos, só vem tua falta à tona...E eu desamarro um pranto que eu sei tão antigo...(Desculpa essas palavras com cara de choro): ainda há reticências.
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Marla de Queiroz

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso."

Caio Fernando Abre

quinta-feira, 21 de julho de 2011




"A mãe deve ser capaz de tolerar o sentimento de ódio contra o bebê sem fazer nada a esse respeito. Ela não pode expressá-lo para ele. no caso de temer a sua própria reação, ela não conseguirá odiar adequadamente quando machucada, e poderá cair no masoquismo, e a meu ver é isto que leva a falsa fantasia de um masoquismo natural às mulheres. O ponto mais interessante a respeito da mãe é a sua capacidade de ser tão agredida e sentir tanto ódio por seu bebê sem vingar-se dele, e sua aptidão pra esperar por recompensas que podem vir ou não muito mais tarde. Quem sabe recebe alguma ajuda das canções de ninar que ela canta e que felizmente o bebê não pode compreender?"

(Winnicott)

"Se algum dia ocorrer de escreveres a meu respeito ... sê sensível o bastante - como ninguém o foi até agora - para caracterizar-me 'descrever' -mas não 'avaliar'."

(Nietzsche)

segunda-feira, 18 de julho de 2011




Desculpa por eu não ser assim ou de outro jeito. Saiba que eu tentei de tudo. Usei todas minhas armas, todos os meus planos, todas frases de efeito que tentava criar antes de você chegar. Embora o plano “B” nunca funcionara. Embora fora desarmado, ainda penso – e escrevo – coisas que eu gostaria de falar. Coisas que eu gostaria de ouvir. E a partir do momento que escrevo, eu ouço e falo contigo. Eu ouço, falo, você entende, eu entendo. Porque você existe nas minhas palavras, nos meus planos, nos meus sonhos. Porque você existe em mim.
Apesar das palavras, que junto com o maior carinho, nunca te tocarem do jeito que eu sempre imaginei, continuo, não obstante, escrevendo e crendo que alguma hora irei acertar.
Desculpa por errar. Por tentar mais do que deveria. Por ser assim... (Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A escola do macho


O machismo, o que é? É a masculinidade acuada. Na falta de entender o que é ser um homem e qual a diferença fundamental que permite que um homem situe seu desejo em relação a uma mulher, o macho acuado interpreta o enigma da diferença entre os sexos como uma desigualdade de valor. Segundo a lógica da masculinidade acuada, do homem inseguro diante do enigma da diferença sexual, as mulheres não seriam diferentes dos homens – seriam inferiores. A prova disso – como são resistentes à evolução dos costumes as teorias sexuais infantis! – é que lhes falta alguma coisa no corpo, bem onde, nos homens, o falo se evidencia.

Isto se “aprende” em casa, isto é: na passagem pelo complexo de Édipo. A estratégia machista do menino se torna ainda mais consistente se a fantasia da inferioridade feminina também funcionar na relação entre o pai e a mãe.
A escola talvez seja o espaço privilegiado, hoje, do “politicamente correto”. Não sei se a escola, enquanto instituição, reproduz os pressupostos da superioridade masculina. Mas infelizmente (ou por isso mesmo?) não é a escola que socializa nossas crianças. Antes dela, está a televisão. E dentre a aparente variedade de mensagens veiculadas pela televisão, a hegemonia é da publicidade. A publicidade representa, ainda que não tenha esta intenção, a segunda escola do sexismo contemporâneo. É na publicidade que as crianças, meninos e meninas, “aprendem” a equivalência entre os corpos femininos e as mercadorias. O corpo da mulher serve para agregar valor a todos os objetos em oferta no mercado. Uma mulher vale uma cerveja; vale um cartão de crédito; vale um automóvel; vale um analgésico; um provedor da internet; uma marca de tintas; um banco.

Dizer que a publicidade ensina que o valor das pessoas se mede pelo que elas podem comprar já é um truísmo. Só que as mulheres, ou melhor, os belos corpos das belas mulheres, já não se servem das mercadorias, mas servem a elas. Há exceções. Algumas valem mais do que o produto que anunciam. Não necessariamente as mais bonitas. Nem as mais talentosas: as mais caras. Uma Daniela, uma Gisele – estas não se vendem a qualquer um. Diante dos cifrões que reluzem no sorriso delas o macho comum se curva, inferiorizado. E vai descontar nas outras – essas rampeiras baratas! – sua nova humilhação.

Maria Rita Kehl

sábado, 2 de julho de 2011


"Sem pecado, nada de sexualidade, e sem sexualidade, nada de História."

(Soren Kierkegaard)