terça-feira, 24 de maio de 2011

Casal


Os melhores amigos são aqueles em quem confiamos a ponto de serem depositários dos nossos segredos. Nosso par sentimental deve ser um deles.

Sem que haja confiança para que se possa partilhar os mais íntimos segredos, não cabe dizer que estamos diante de um vínculo afetivo forte.

Quando me perguntam qual a importância do sexo na vida dos casais sempre respondo que ele não tem tanta importância desde que vá muito bem!

As afinidades de caráter adequadas para que um relacionamento seja delicado e sem brigas têm a ver com competência para lidar com frutrações.

A autocrítica é pouco praticada porque ela dói. Quem não tiver coragem de enfrentar essa dor não avançará e dificilmente será feliz no amor.

Criaturas autoritárias só "combinam" com aquelas que precisam abrir mão da individualidade em favor do aconchego: são alianças entre opostos.

Se uma pessoa combinar mal com outra bem parecida com ela mesma é hora de deixar de lado as acusações, virar o dedo para si e da autocrítica.

Afinidades de temperamento e caráter também acontecem quando os 2 são autoritários e intolerantes. Nesses casos, as brigas são uma constante.

Pessoas semelhantes a nós são aquelas com as quais temos afinidade de caráter, gostos e interesses. Nesses casos, as concessões são mínimas.

Muitos querem o pleno encaixe amoroso e se dispõem a fazer mínimas concessões à sua individualidade. Deveriam buscar parceiros semelhantes.

Outros preferem o pleno exercício da individualidade e não estão dispostos a fazer nenhum tipo de concessão. O sensato seria não se casarem.[...]

Flávio Gikovati

segunda-feira, 23 de maio de 2011

HIV e AIDS – Conhecer para Prevenir

Muitos ainda são os mitos sobre a Aids (Síndrome da ImunoDeficiência Adquirida).

Embora tenhamos programas federais de prevenção e o auxílio da mídia para informar sobre o assunto, milhares de pessoas continuam se contaminando diariamente com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O vírus ataca diretamente o sistema de defesa do organismo.

Atualmente no Brasil são cerca de 600 mil pessoas infectadas pelo vírus da AIDS.

De acordo com um estudo realizado pala ONU, são 33 milhões de pessoas contaminadas em todo mundo.

Muitas vezes a pessoa se contamina com o vírus,

que pode ficar encubado durante anos no organismo, não manifestando nenhum sintoma. O vírus tem um tempo de até 6 meses, (janela imunológica), após a contaminação para que ele apareça no exame de sangue que o detecta. Qualquer exame feito nesse período de janela imunológica pode dar um falso resultado negativo. No entanto, neste período a pessoa pode estar transmitindo o vírus sem ter conhecimento de que o adquiriu.

Não se pega AIDS beijando na boca, abraçando, pelo aperto de mão, assento de ônibus, sanitários, piscinas, picadas de insetos, uso em comum de pratos, talheres e copos, no convívio familiar ou sendo amigo de algum portador do HIV.

A falta de esclarecimento sobre o assunto é um dos grandes responsáveis pelo preconceito que as pessoas soropositivas sofrem em seus meios sociais e familiares, sendo muitas vezes discriminadas, marginalizadas e até agredidas.

Para se contaminar com o HIV, é preciso que o vírus tenha acesso à corrente sanguínea. É preciso uma porta de entrada para o organismo, como por exemplo: relações sexuais sem camisinha (sexo anal, vaginal ou oral), no qual um dos parceiros esteja contaminado; receber transfusões de sangue com sangue contaminado, compartilhar agulhas e seringas no uso de drogas injetáveis, materiais cortantes que sejam reutilizáveis e possam estar com sangue infectado; mãe soro positiva durante o parto normal e no período da amamentação, pode transmitir ao bebê.

Não é o vírus que nos pega, ele é pego! É crescente o número de jovens que mantém relações sexuais sem preservativos com diferentes parceiros. Se é sabido que há possibilidades reais de contaminar-se, o que leva as pessoas a continuarem transando sem camisinha e favorecendo situações de risco???



Ana Dilger

sábado, 21 de maio de 2011

Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demôno, ante meus olhos.

Edgar Allan Poe

segunda-feira, 16 de maio de 2011


"Ainda que sendo tarde e em vão, perguntarei por que motivo tudo quanto eu quis de mais vivo tinha por cima escrito: 'Não!'"


(Cecilia Meireles)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Síndrome da Perfeição

Com a chegada do verão, época em que as visitas ao litoral aumentam, acentua-se entre a maioria das pessoas a preocupação estética com o corpo, mais exatamente com estar magro, sarado, em forma.

Durante a idade média o que era considerado bonito, o padrão de beleza da época, eram as pessoas obesas, sinônimo de prosperidade, status social e exuberância. A magreza nessa época era associada à pobreza, falta de comida e doenças.

Em nosso tempo, as exigências da ditadura da beleza são outras. Mulheres de diferentes alturas e diversos formatos de corpo devem alcançar o mesmo ideal: parecer com as super modelos.

Dos homens exigem-se músculos firmes e a mostra. Mais tudo que possa os aproximar do galã da novela ou da última celebridade instantânea do reality show.

A rigidez com que homens e mulheres controlam suas medidas e peso pode levar a pessoa a desenvolver um transtorno alimentar.

Temos as anorexias e bulimias que atingem cada vez mais as parcelas mais novas da população e preocupantemente estão sendo disseminadas e incentivadas em comunidades de sites de relacionamentos, levando centenas de seguidores.

A busca incessante e obsessiva pela magreza e pelo ideal de corpo, está intimamente relacionada com a imagem de si que idealiza-se, muitas vezes para sentir-se inserido e aceito em um grupo.

Mas não basta apenas ser bonito e ter o corpo malhado, inflado, siliconado; é preciso ser visto!

De que adianta tanto sacrifício e restrições se não há outro para admirar? É preciso colocar-se na vitrine, no mercado das aparências, no jogo social das imagens e de intervenções imprescindíveis.

As pessoas estão ficando cada vez mais magras, deprimidas, e seus corpos cada vez mais artificiais.

Os relacionamentos tornaram-se cada vez mais escassos de vínculos afetivos, pois para isso os envolvidos precisam colocar da sua singularidade na relação, e isso inclui as imperfeições.

Como se relacionar em um momento social em que a nossa cultura alimenta tudo o que tende a normatizar, normalizar e enquadrar em um dado padrão?

É preciso suportar que todos somos diferentes e isso não há intervenção cirúrgica que resolva!


Ana Dilger.

segunda-feira, 2 de maio de 2011



O sol que não aquece, a noite que não mais termina, o pranto que não cessa. O café esfriou na xícara esperando ser tomado, mas faltou fôlego para engolir mais qualquer coisa, pois a vida já me enfiava goela a baixo realidade demais. A maquiagem borrada nos olhos, a imagem distorcida no espelho. O abismo que se abre embaixo dos pés. Tudo que eu amei e perdi, todas as dores que superei, acreditando que o solo sempre se refaz para novas plantações, as sementes que se atreveram germinar na arides dos últimos tempos, os novos amores tão delicadamente cultivados. Tudo sendo inundado e tolhido pelos ímpetos da natureza humana, foram todos surpreendidos pelo tsumani de ira alheia, fomos pegos de surpresa.
E em meio ao "salve-se quem puder", para proteger o que amo precisei mandá-lo para longe, onde as catástrofes da natureza humana não pudessem lhe atingir.
Que árdua tarefa a de afastar de si alguém por quem se tem tanto afeto, tanto amor, é preciso renunciar a si mesmo. Mas foi puro cuidado e medo de que junto a mim você se machucasse de maneira irreparável. Você com certeza nunca vai entender o que foi isso, mas foi o melhor que pude fazer.
Com o coração vestindo luto, a ferida aberta que não para de sangrar, o grito sufocado no peito, deixo você ir com a certeza da falta avassaladora que você me faz, fará. O tempo do inverno e de noites sem fim se aproxima. Espero pelo dia em que o sol possa secar o meu pranto.




Ana Dilger

domingo, 1 de maio de 2011

Confiar no outro, essencial para um amor maduro



Amor implica depender, estar na mão da outra pessoa. Por isso, amar alguém que não nos transmite confiança é ser irresponsável para consigo mesmo.

[...]

Em geral as pessoas se colocam nessa condição em virtude de terem se encantado com alguém que, de fato, não dá sinais de confiabilidade. Aceitam essa atitude egoísta do amado imaginando que seja uma fase, um período doloroso que irá passar com o tempo. Fazem tudo para demonstrar o seu amor, para cativar o outro e esperam que isso faça com que, finalmente, ele se renda, e também se entregue de corpo e alma à relação afetiva. Acaba se compondo uma espécie de desafio, em que aquele que não é confiável percebe que recebe mais atenções e carinho exatamente por agir dessa forma. Com isso se perpetua a situação e me parece bobagem achar que o futuro será diferente do presente. Afinal de contas, aquele que não se entrega ao amor, acaba sendo altamente recompensado por isso e não terá nenhuma tendência para alterar sua atitude.

Quando a “mágica” do encantamento amoroso não vem acompanhada da “mágica” da confiança a pessoa está posta numa situação muito difícil, na qual o sofrimento e insegurança serão as emoções mais constantes. E essa “mágica” da confiança de onde ela vem? De vários fatores, sendo que o primeiro deles depende do comportamento da pessoa amada. Não é possível confiarmos numa pessoa que mente, a não ser que queiramos nos iludir e tentemos achar desculpas para não perder o encantamento por ela. Não é possível confiarmos em pessoas cujo comportamento não está de acordo com suas palavras e suas afirmações. Aliás, quando o discurso não combina com as atitudes, penso que devemos tomar essas últimas como expressão da verdadeira natureza da pessoa. Não é possível confiarmos em pessoas que mudam de opinião com a mesma velocidade com que mudamos de roupa. É evidente que todos nós, ao longo dos anos, atualizamos nossos pontos de vista. Porém, acreditar em certos conceitos num dia – na frente de certas pessoas – e defender conceitos opostos no outro – diante de outras pessoas – significa que não se tem opinião firme sobre nada e que se quer apenas estar de bem com todo mundo. Amar uma pessoa assim é, do ponto de vista da autopreservação, uma temeridade.

A capacidade de confiar depende também de como funciona o mundo interior daquele que ama e não apenas da forma de ser e de agir do amado. Não são raras as pessoas que não conseguem desenvolver a sensação de confiança em virtude de uma auto-estima muito baixa. Desconfiam da capacidade que têm de despertar e conservar o amor da outra pessoa; se sentem inseguras, acham que a qualquer momento podem ser trocadas por criaturas mais atraentes e ricas de encantos. E, o que é mais grave, se sentem assim mesmo quando recebe, sinais constantes, coerentes e persistentes de lealdade por parte da pessoa amada. Nesses casos, não há o que essa criatura possa fazer para atenuar o desconforto daquelas, cuja única saída é um sério mergulho interior em busca de resgatar a auto-estima e a autoconfiança perdidas em algum lugar do passado.

Finalmente, para uma pessoa desenvolver a capacidade de confiar é necessário que ela seja uma criatura confiável. Costumamos avaliar as outras pessoas tomando por base nossa própria maneira de ser. Se nos sabemos mentirosos, capazes de deslealdade e de desrespeito aos outros, como ter certeza de que as outras pessoas não farão o mesmo conosco? Só aquele que tem firmeza interior, que tem confiança em si mesmo no sentido de respeitar as regras de conduta nas quais acredita, pode imaginar que existam pessoa em condições de agir da mesma forma. Se a felicidade sentimental depende do estabelecimento da confiança recíproca, ela será, pois, um privilégio das pessoas íntegras e de caráter.


Flávio Gikovati