sexta-feira, 30 de outubro de 2009

" Há muito disseram que a coisa mais inútil do mundo era pôr uma mulher à prova; sendo tão conhecidos os meios de fazê-la sucumbir, e tão certa sua fraqueza, as tentativas tornam-se absolutamente supérfulas.
As mulheres, assim como as cidades de guerra, têm todas, um lado indefeso: trata-se apenas de procurá-lo."
(Sade, Os crimes do Amor.)

AMOR?

"Oh! Como é falsa essa embriaguez que, absorvendo os resultados das sensações, coloca-nos num tal estado que nos impede de enxergar, que nos impede de existir senão para esse objeto loucamente adorado! É isso, viver?
Não será, antes, uma privação voluntária de todas as doçuras da vida? Não será permanecer voluntariamente, nas garras de uma febre arrasadora que nos devora e absorve sem nos deixar outra felicidade que os gozos metafísicos tão semelhantes aos efeitos da loucura?"
(Marquês de Sade).*



*(Dolmancé, personagem de Sade em A Filosofia na Alcova)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Onde falta o ser, proliferam os discursos. O homem moderno é um pesquisador minucioso das coisas humanas e um autor compulsivo de sua própria biografia. Confessa-se, descreve-se, explica-se, tenta fixar em palavras faladas ou escritas a permanente incerteza sobre quem ele é. O ser não nos é dado; o ser se constrói, ao longo da vida. Construir o ser é constituir diferenças. A diferença entre homens e mulheres, objeto de investigações filosóficas desde a antiguidade, foi investida de uma enorme quantidade de saberes que procuravam encontrar na natureza dos gêneros alguma espécie de verdade sobre o ser."

(MARIA RITA KEHL)
"Não estou ali, afinal de contas, para o seu bem, mas para que ele ame. [...]"

(LACAN, 1961)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009


"O ciclo inexorável da vida, o nascimento e a morte colocam para cada sujeito uma espécie de confronto consigo mesmo: o que se é e o que se foi, as marcas e as limitações que o tempo grava, o luto de si mesmo. A imagem cativante, forma de investimento narcísico de cada um, sofre o mesmo destino de todas as coisas."

(ROCHELLE GABBAY)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"O que significa dizer que nós, neuróticos comuns, organizamos mentalmente nossas histórias de vida como se fossem romances? Antes de mais nada, que não suportamos o caos, a errância, a passagem do tempo nos conduzindo onde não podemos prever e nos modificando de maneiras que não conseguimos controlar. Mas significa também que pertencemos a um tipo de sociedade em que o tempo de fato modifica as pessoas, uma sociedade que permite e até promove que o rumo tomado por uma vida se distancie tanto de sua origem que, se não produzirmos algum fio narrativo ligando começo, meio e fim, algumas representações que nos sustentam subjetivamente perderão completamente o sentido. A idéia de que somos “indivíduos”, por exemplo, coesos e reconhecíveis ao longo do tempo; a idéia de que a vida que vivemos constitui uma unidade coerente e dotada de sentido e não uma sucessão de dias transcorridos a esmo.[...]"

(Maria Rita Kehl)

Individuação

A individuação de cada um segundo seus gestos, seus desejos, suas capacidades, o repeito pelas diferenças que, só elas, permitem que cada ser humano desenvolva o melhor de si mesmo, desenvolvendo cada um suas características pessoais segundo seus desejos e os prazeres criativos e comunicativos que deles extrai, tal deveria ser a educação de cada criança, não só em familía mas durante todo o tempo de formação.

(Dolto, 1998)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Desejo que

"Aceitar deixar passar sem pegar, sem reijeitar, ver, ouvir, olhando, escutando até sem entender, é aceitar a solidão, misturado aos outros. É reconhecer-se humano, desejo manado na carne, desejo que, na cabeça, no coração, fala as entranhas, ao sexo, clama, desejo que ouve o dos outros, desejo encarnado sempre, que se conhece para sempre separado, no espaço, dos objetos que o suscitam no tempo, dos frutos de suas realizações, das consequências incognoscíveis de seus atos, posto que os mais materializados, que dirá os sutis cujos os fins nos escapam e que nosso desejo quereria dominar."

(Françoise Dolto; Solidão, 1998)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A cura da Psicanálise

" Quem faz uma verdadeira análise se submete a uma das maiores aventuras da sua existência, que implica mesmo uma morte simbólica e um novo nascimento, causa de profunda mudança. Saber do inconsciente possibilita se libertar dos laços imaginários que prendem à neurose, faz conhecer a causa do próprio sofrimento e compreender que a vida é transitória, que o instante é fugaz que o tempo não espera, que o viver é agora. Consequentemente, possibilita amar de um modo novo. Isso é algo além do que se pode chamar de terapêutico".
(Jorge Sesarino, 2007 - A cura da Psicanálise. In: A Eficácia da Cura em Psicanálise. Curitiba: Editora CRV, 2009)
"Finalmente a análise começa quando a verdade é posta em jogo". (Lacan, 1995).

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sofrimento e dor

"Mas é também a experiência dolorosa passada que nos faz viver cada uma das nossas dores de modo único e individual. O vivido de uma dor é sempre o vivido da minha dor. Cada um sofre à sua maneira, qualquer que seja o motivo de seu sofrimento. Todas as vezes que uma dor nos aflige, venha ela do corpo ou do espírito, ela se mistura inextricavelmente à mais antiga dor que revive em nós. É justamente essa ressurgência viva do passado doloroso que faz minha dor desse instante. A dor que sinto é realmente a minha dor, uma vez que ela carrega o estigma do mais íntimo do meu passado."

(Nasio, 2008)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Todo desejo é sempre discutível por outrem, mas quando se une ao amor, torna o ser humano que assume inteiramente sua opção não um ser de razão e prudência, mas um ser responsável por todas as resultantes dessas contradições."
(Dolto,1998)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009



"No caso de qualquer indivíduo no início do processo de desenvolvimento emocional, há três coisas: em um extremo há a hereditariedade; no outro extremo há o ambiente que apóia ou falha e traumatiza; e no meio está o indivíduo vivendo, se defendendo e crescendo. Em psicanálise nos ocupamos do indivíduo vivendo, se defendendo e crescendo". (WINNICOTT, 1959).