sexta-feira, 31 de julho de 2009


"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida.

Ninguém, exceto tu, só tu.

Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.

Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.

Onde leva?

Não perguntes, segue-o!"


(Friedrich Nietzsche)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Alternância

"O momento único em que o sujeito se sente completo, “extremamente feliz”, é na primeira infância. Ele sempre vai procurar algo para se satisfazer, mas isso nunca será pleno, a vida se alterna entre felicidade e infelicidade. Sempre estaremos à deriva da dor, mesmo quando a mascaramos com outras alternativas."
Andressa F. de Souza

segunda-feira, 27 de julho de 2009

"A transição se faz de tal modo que desmente a idéia de uma falta na relação com a lei, com o simbólico. Quando o presidente atual diz o que ele diz sobre o novo presidente, ele legitima fortemente a transição, pois sentimos que remete a uma posição estabelecida na própria lei. A segunda coisa que eu poderia responder é que, se realmente podemos reconhecer rupturas fortes do laço social nas atitudes de certas camadas sociais em relação a outras, isso não se constitui, atualmente, em um fenômeno particular do Brasil. A questão é muito mais grave, é um problema para o mundo inteiro. Os homens atualmente crêem que toda a relação pode ser pensada como uma relação com um objeto. Como a técnica permite intervir sobre o corpo humano como se ele fosse um objeto, é o homem mesmo que se torna um objeto. A partir disso, se vê que a condição de uma lei, quer dizer, o exercício de uma regulação simbólica, pode ser problemática em todos os países. O que se torna mais preocupante ainda."
Roland Chemama

sexta-feira, 24 de julho de 2009

ESCUTA

"[...] No alicerce de toda palavra, é a pulsão que insiste. Aquela que não fala, mas que é evocada pela palavra e que, levada pela compulsão à repetição, procura satisfazer-se. É seguindo de perto as repetições que acompanhamos as vicissitudes da pulsão e rastreamos as pegadas das identificações.

Diria então que, do lugar do analista, se escuta tudo, para poder escutar alguma coisa. Coisa essa que é o inconsciente, que no seio da repetição insiste para ser escutado, que na trama dos movimentos imaginários se disfarça, se fantasia e, no entanto, vai tecendo o fantasma. [...]"
(Silvia Leonor Alonso)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Castração

Um dos objetivos da experiência analítica é, com efeito, possibilitar e reativar na vida adulta a experiência que atravessamos na infância: admitir com dor que os limites do corpo são mais estreitos do que os limites do desejo. (Nasio).

Felicidade


"A felicidade é uma realização retarda de um desejo pré-histórico.É por essa razão que a riqueza traz tão pouca felicidade,o dinheiro não foi um desejo da infância."
(FREUD)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

"Finalmente, a gente faz apenas aquilo que pode."
(W. Bion)

sábado, 18 de julho de 2009

Vê-se nos outros o que é negado em si.
Andressa F. de Souza

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Chega-se na análise pelo sofrimento. Sofrimento daquilo que foi dito, do rótulo que se carrega. Com o decorrer do tempo descobre a verdade de si e sobre o desejo.
A possibilidade ser o que é e bancar isso sem medo.
Andressa F. de Souza

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A psicanálise é em essência uma cura pelo amor


“Por uma lógica singular, o sujeito apaixonado percebe o outro como um Tudo (a exemplo de Paris outonal), e , ao mesmo tempo, esse Tudo parece comportar um resto que não pode ser dito. E o outro tudo que produz nele uma visão estética: ele gaba a sua perfeição, se vangloria de tê-lo escolhido perfeito; imagina que o outro quer ser amado como ele próprio gostaria de sê-lo, mas não por essa ou aquela de suas qualidades, mas por tudo, e esse tudo lhe é atribuído sob a forma de uma palavra vazia, porque Tudo não poderia se inventariado sem ser diminuído: Adorável! não abriga nenhuma qualidade, a não ser o tudo do afeto. Entretanto, ao mesmo tempo que adorável diz tudo, diz também o que falta ao tudo; quer designar esse lugar do outro onde meu desejo vem especialmente se fixar, mas esse lugar não é designável; nunca saberei nada; sobre ele minha linguagem vai sempre tatear e gaguejar para tentar dizê-lo, mas nunca poderá produzir nada além de uma palavra vazia, que é como o grau zero de todos os lugares onde se forma o desejo muito especial que tenho desse outro aí (e não de um outro).”

Freud afirma que ‘a psicanálise é em essência uma cura pelo amor’!

Mas, que espécie de amor/aproximação é esta? (na análise)

Diríamos que a isto que Freud dá o nome de amor poderia ser pensado como todas as nossas condutas que, conscientemente ou não, sintetizam a nossa ética, que num resumo um tanto grosseiro, significam: saber que o sofrimento é algo inerente à condição humana, que não podemos viver no lugar do outro algo que lhe é próprio, que não podemos apartar o sofrimento de quem quer que seja , no máximo, acompanhá-lo.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Verdade e Saber

"É importante distinguir duas coisas que, para um psicanalista, são bem diferentes: o saber e a verdade. O mundo contemporâneo nos faz acreditar que o mais importante é a acumulação de saberes. Esse acúmulo, no entanto, faz com que o sujeito ignore a questão de seu desejo. Ao mesmo tempo, a questão da verdade se coloca mais na literatura e na filosofia. Não digo que a literatura seja suficiente para dar ao sujeito a resolução de seus problemas, mas permite pensar alguma coisa que não se reduz ao saber positivo, técnico. Precisamente, a psicanálise não busca a eficácia técnica. A psicanálise não é um tratamento semelhante a tomar ou prescrever um medicamento. Ela deve abrir alguma coisa, expor uma dimensão de verdade e não ser o objeto de um saber."
Fragmento da entrevista de Roland Chemama sobre Sintomas Contemporâneos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009


"O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão mais inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente.

O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão".

(Clarice Lispector)

domingo, 12 de julho de 2009

Cinismo

"o que a leitura de Cinismo e falência da crítica esclarece é que ao não crer em nada, o cínico ainda crê na possibilidade de realizar a versão mais infantil da lei: a lei do gozo. A “ética do direito ao gozo” com que Sade inaugurou a modernidade seria a forma mais infantil de obediência a que o cínico está submetido, identificando-se não a um valor, mas a uma atitude.[...]"
(Maria Rita Kehl)

sábado, 11 de julho de 2009

Corpo, Imagem, Desejo

"Sabemos que não. Hoje nos torturamos, antes de tudo, em nome do – desejo. Escravizamos os corpos para tentar fazer deles o objeto incontestável e unânime do desejo. A confiança de nossa cultura na ciência chega a ponto de acreditarmos que a indústria médica e farmacêutica teria desvendado, afinal, o mistério que cerca o objeto do desejo humano. Ao acreditar piamente no poder da imagem, pensamos ter finalmente enquadrado o desejo (inconsciente) sob o domínio do ego: desejar e fazer-se desejar seriam, de acordo com a idolatria pós-moderna, uma questão de perícia técnica.
Não nos deixemos enganar: o que parece uma afirmação triunfante do direito a desejar na verdade é um recuo ante o desejo. É claro que toda sedução, a serviço do desejo sexual, comporta um artifício. Os adornos corporais, os olhares e frases insinuantes, a sensualidade sugerida em gestos e posturas – todos os recursos mobilizados pela sedução visam a produzir, no outro, a esperança de que o sedutor detenha o objeto do desejo que o seduzido desconhece, já que o desejo é, por definição, inconsciente. “Eu sei o que você deseja/ eu tenho o que você deseja”, promete o sedutor com seu jogo de esconder e desvelar. O desejo, por desconhecer seu objeto, é facilmente mobilizado pelo artifício que vela, no corpo, o que de fato não está lá. Nem lá, nem em lugar nenhum."

Maria Rita Kehl,Ciências do desejo: Considerações sobre um saber que não se sabe. Texto disponível em: www.mariaritakehl.psc.br/

sexta-feira, 10 de julho de 2009

SOLIDÃO


"O sentimento de solidão é patológico. A solidão pode ser eugênica: não patológica, poder ser revivicante. O sentimento de solidão é uma provação, e dessa provação pode-se sair negativamente ou positivamente no que diz respeito ao desenvolvimento humanizante do sujeio. Só a solidão permite ultrapassar o estágio do sentimento de solidão. Solidão sentida como fato, reconhecida como valor. O sentimento de solidão não é patológico, mas patogênico. Porque remete à frustração, a famelicidade pela presença do outro, toca às necessidades frustradas, e não somente aos desejos superexcitados. (Dolto, F.; 1998)."

quinta-feira, 9 de julho de 2009

SENTIMENTO DE SOLIDÃO E SOLIDÃO

"O SENTIMENTO DE SOLIDÃO É UM EMPOBRECIMENTO DAS POTENCIALIDADES RELACIONAIS, ENQUANTO

QUE A SOLIDÃO É UM FATO QUE PODE SER ACOMPANHADO POR UM ENRIQUECIMENTO DE

POSSIBILIDADES RELACIONAIS." (DOLTO)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Frases ...

Algumas frases escutadas durante as aulas de formação em psicanálise:



* O inconsciente é um dizer que está pra além da fala.

* O analista é o capitão de uma nau em um mar revolto.

* Estilo, em psicanálise, é o que cada um conseguiu fazer com a sua falta, com a sua castração. Como cada um lida com a falta.

* Não se faz analise para se descobrir como é. Quem faz análise descobre o que não é.

* A análise deve levar a pessoa a ouvir o seu silêncio.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Minha vida diária, um romance - I

"Todos acabam sempre se tornando um personagem do romance que é a sua própria vida. Para isto não é necessário fazer uma psicanálise. O que esta realiza é comparável à relação entre o conto e o romance. A contração do tempo, que o conto possibilita, produz efeitos de estilo. A psicanálise lhe possibilitará perceber efeitos de estilo que poderão ser úteis a você”. A frase foi dita por Lacan a um jovem candidato a análise e reproduzida por este último em um depoimento publicado alguns anos depois da morte do psicanalista. O sentimento do Unheimliche, do “estranhamente familiar” que frequentemente é provocado pela leitura de algumas frases semi-enigmáticas de Lacan, nos acomete diante desta, também. Como não nos reconhecer neste trabalho através do qual tentamos nos situar como personagens centrais de um romance, o romance de nossas pequenas vidas que escrevemos incessantemente, dentro ou fora do espaço criado pela psicanálise – e como não nos indagar, ao mesmo tempo, sobre o significado desta necessidade?" (Maria Rita Kehl)

sexta-feira, 3 de julho de 2009