segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Mistério do desejo
"Vale ainda mencionar o estranho silêncio, nos consultórios dos analistas, em torno do eterno mistério do desejo e da diferença sexual. A falta de objeto que caracteriza a atração erótica parece ter sido ofuscada pela onipresença de imagens sexuais nos outdoors, na televisão, nas lojas, nas revistas – por onde olhe, o sujeito se depara com o sexual desvelado que se oferece e o convida. As fantasias sexuais são todas prêt-à-porter. Seria ok, se o suposto desvelamento do mistério não produzisse sintomas paradoxais. O tédio, em primeiro lugar, entre jovens que se esforçam desde cedo para dar mostras de grande eficiência e voracidade sexuais. As intervenções cirúrgicas no corpo, de consequências por vezes bizarras, em rapazes e moças que pensam que a imagem corporal perfeita seja a solução para o mistério que mobiliza o desejo. A reificação do sujeito identificado como mais uma mercadoria se revela no medo generalizado de não agradar.
O mistério do desejo persiste, assim como não deixa de existir o inconsciente: mas é como se suas manifestações não interrogasem mais os sujeitos." (Kehl
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
A linha divisória entre homens e mulheres, pelo visto, perdeu sua antiga fixidez, trazendo mobilidade e liberdade para ambas as partes. Se o falo não é um pênis e sim um significante, seu manejo está franqueado a homens e mulheres. Só que, ao insistir em sustentar a equação pênis=falo, os homens acabam por se colocar em uma posição muito mais frágil do que as mulheres. Estas recém descobriram, por conta da própria psicanálise, que o órgão masculino só possui o valor fálico que elas lhe conferirem.
Não é impossível então, que na medida em que as mulheres se livraram de algumas restrições sexuais e existenciais impostas pela moral vitoriana, a linha demarcatória entre a masculinidade e a feminilidade tenha se deslocado – forçando os homens, por enquanto, a jogar na defensiva. Freud já havia percebido a existência de um hiato na complementariedade imaginária entre homens e mulheres, a ponto de perguntar a sua amiga Marie Bonaparte: mas afinal, o que quer uma mulher? Pergunta que repercutiu em todas as geraçaões de psicanalistas, sobre tudo homens. Ora: é claro que ninguém pode saber o que deseja uma mulher. O desejo é, por definição, inconsciente. Um homem também desconhece seu próprio desejo.
(Maria Rita Kehl)
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Histerica x Obsessivo - O corpo.
Uma jovem analisante falava outro dia de suas "ganas de matar" a irmã mais nova. O que a exasperava, eram as horas que ela própria passava se arrumando - "se produzindo"- era a expressão, aliás que parece perfeita, entre outras razões, porque como numa produção de teatro, ela também escolhia o guarda-roupa, os adereços, de acordo com o personagem. Isso, para no fim sair sua irmã "de cara lavada, sem nem se olhar no espelho" indignava-se ela, "parecendo uma princesa de contos de fada". Se o nosso tema fosse a histeria, este fragmento nos daria um bom viés par abordar o problema da reivindicação. Mas, em se tratando de obsessão, cabe a pergunta: por quê uma moça dispensaria os recursos que lhe permitiriam destacar seus atributos? Eu diria que não é garantido que a beleza não possa ser vivida por ela, às vezes como inútil ou mesmo ofensiva. Creio que seria assim porque uma beleza "em excesso" é algo que irrompe aos olhares, que se sobressai, põe em relevo esse corpo que a obsessiva, talvez o obsessivo em geral gostaria de ver absorvido numa topografia mais plana, mais simétrica e sem acidentes que convoquem demasiado o olhar."
(Angela Valore - O Corpo na Neurose Obsessiva.)
sábado, 21 de novembro de 2009
Oferecendo um tratamento pela via do desejo, a psicanálise torna possível para o sujeito o caminho que parte da dor de existir e segue em direção à alegria de viver. Para isto, todavia, é necessário que o sujeito queira saber, tendo a coragem de se confrontar com a dor que morde a vida e sopra a ferida da existência, a fim de fazer da falta que dói, a falta constitutiva do sujeito”
(Quinet)
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
sábado, 14 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
"O tempo nos pertence – mas de maneira geral, não somos capazes de simplesmente estar nele. Assim “nós o matamos, o dissipamos, o desperdiçamos ”. Ao descartá-lo como um “tempo que passa”, ao nos fechar para o “fluxo da duração”, acabamos por nos instalar, não no tempo do tédio, mas no da estagnação. O tempo estagnado, “fechado para o fluxo da duração”, é o tempo do presente absoluto – tempo do esquecimento, portanto. “...com o passado essencial caindo em esquecimento, fecha-se o horizonte possível para toda anterioridade. O agora só pode permanecer agora .” Ora: o bloqueio do passado compromete também a fantasia do futuro." (Kehl, M. R.)
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
sentado ao meu lado
quieto, silencioso, parado...
Você é meu traço,
meu rabisco, meu rascunho.
Uma fita, um laço.
Seu colo meu descanço,
seu ombro, meu cansaço.
No seu colo eu me desfaço,
e me recomponho
atrás de seus passos.
Com você eu sou completa,
habitada e deserta.
Sem você eu sou vazia
desacompanhada e sozinha.
E hoje assim estou.
Você se foi, me deixou
Não sei se por penitência ou pecado
Só sei que ontem eu estava inteira
com você ao meu lado."
domingo, 8 de novembro de 2009
SAUDADES
Não Entendo!
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Paixão e Amor
(OUTEIRAL)