"Tudo cabe debaixo do guarda-chuva da depressão: inibições, angústias, malestares
difusos, fobias, qualquer sofrimento pede abrigo ao termo. O que há em comum
a todas as histórias, é a recorrência de um discurso de que nada, nem ninguém, será
capaz de produzir a felicidade. Chegamos, assim, à definição desta tristeza moderna:
trata-se da dificuldade de lidar com a falta de felicidade. Acorremos, então, com todo
tipo de soluções, drogas, placebos e sedação à dor. Queremos, acima de tudo, não
enfrentar a inevitável condição de existir.
Se reclamamos tanto da falta da felicidade é porque acreditamos que não basta
existir se não houver algo que justifique, marque, recompense, motive uma vida. A
empreitada coletiva da humanidade já não é um propósito de fácil apreensão. Sem
ilusões coletivas, resta o que cada um pode arrancar de sua passagem pela terra e a
palavra que sintetiza esta expectativa é: felicidade.
O papel da psicanálise sempre foi o de escutar o que se impõe sintomaticamente
em uma época. Foi assim que deu voz às mulheres no século passado. Agora, a tarefa é
escutar a tristeza, a melancolia e a depressão, em suas aproximações e diferenças, para
que isso faça efeitos naquele que fala e naquele que escuta. A clínica dessas patologias
nos leva a pensar sobre o suicídio, a dor, a culpa, o infantil, as toxicomanias, uma
direção da cura através da sublimação e outros pontos relacionados com essa problem
ática, a qual, acreditamos, tem tanto a dizer."
sábado, 23 de maio de 2009
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