(“Mas por que sua escolha recaiu sobre essa mulher?”, “O que foi que você viu nela e não em qualquer outra mais bonita, mais perfeita, mais cuidada do que a sua Antônia?”, ele não saberia responder).
A escolha erótico-amorosa não é de ordem egóica, nem superegóica, embora o supereu tenha uma participação importante na dimensão dos ideais, também presente no amor-paixão. Não se pode nem dizer que o objeto do amor erótico se defina a partir de uma escolha, a não ser na medida em que o destino do eu é escolhido pelas formações do inconsciente (à maneira da “escolha de neurose” freudiana). Assim, a pergunta “Por que esta mulher (este homem) e não outra (o) qualquer?” só pode ser respondida a partir de um saber que não se sabe, à maneira de Montaigne, parodiado por Chico Buarque: “Porque era ela, porque era eu”.
(Maria Rita Kehl)
domingo, 13 de dezembro de 2009
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