quinta-feira, 25 de março de 2010

Jovens


"Os jovens do terceiro milênio não têm discurso próprio. São objetos do trabalho das organizações não governamentais dirigidas (no melhor dos casos) por ex-jovens remanescentes de 68, preocupados com a falta de perspectivas, o desemprego, a desagregação social que atinge os adolescentes de seus países.

[...]Primeira: os jovens não ocupam o espaço oferecido para sua livre expressão porque não têm o que expressar. Sua voz é o mercado, é a publicidade, é a indústria do show-business global. Pensam estar representados pela profusão de imagens da juventude que circulam pelo mundo inteiro dizendo quem eles são, ou quem deveriam ser. Claro que a discrepância entre as imagens e a experiência produz desconforto, mas não é fácil identificar a origem deste mal-estar.

A segunda hipótese é menos pesimista: os jovens não ocupam o espaço que lhes é oferecido justamente porque ainda conservam um grão de rebeldia. Recusam o espaço criado para eles e vão inventar seus próprios espaços, em recantos secretos da cidade.
Talvez por estas duas razões, o único grupo de jovens expresivos, aquí neste FSMed, sao os palestinos, ávidos por ocupar espaço na cena mundial e utilizar todos os meios disponíveis para expressar sua revolta e sua indignação."
Maria Rita Kehl

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