quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dor de amar


"Amar é um estado que habita o coração da condição humana em suas dimensões mais prazerosas e também naquelas em que nos assola o desespero mais profundo. Talvez não haja maior enlevo do que aquele proporcionado pelo estado do amor. Em contrapartida, parece não haver miséria mais profunda, desespero maior do que a desilusão amorosa.

Nunca estamos tão indefesos em relação ao sofrimento do que quando amamos, nunca tão inapelavelmente infelizes do que quando perdemos nosso objeto de amor ou o amor dele por nós. [...]


A tese é que não há amor sem dor na medida em que a dor de amar é inerente ‘à própria condição de amar’, não se restringindo à eventualidade da separação, na medida em que amar, na acepção madura do termo, implica em discriminação da individualidade. Amar dói na medida em que revela a alteridade e, portanto, a individuação e a solidão pessoais. Encarar a presença da alteridade refreia a onipotência, resulta na necessidade de abandonar o estado narcísico e seus eventuais benefícios. A passagem de uma condição narcísica para uma de individuação não se faz sem dor."

Plinio Montagna

2 comentários:

  1. Nossa maior fonte de sofrimento é, ao mesmo tempo, nossa maior fonte de alegria. Tentar livrar-se da primeira é perder a segunda junto.

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