sábado, 29 de maio de 2010

Quais são os efeitos dessa exclusão (forclusão) do sujeito nas relações
que estabelecemos com os outros? – pergunta-se Hassoun (1997). O autor
afirma que, na paixão, o sujeito é capturado pelo outro a ponto de se deixar
despossuir de sua subjetividade pela imagem apaixonante na qual ele é a presa.
Na melancolia, o sujeito é tragado pelo terror e espanto diante de sua própria
indignidade, mergulhando num abismo de perplexidade, apatia e crueldade que
o despossui de seu desejo, de sua fala e de sua voz, dando voltas infinitamente
em seu enigmático desastre interior.

No caso do ódio, o sujeito que é sua presa acaba devorado pelo horror
que o outro lhe suscita e passa obstinadamente a tentar destruir essa suposta
causa de sua indignidade. Obsedado por essa ideia, o sujeito persegue por
todos os lados o obscuro e estranho objeto de seu ódio, para melhor destruir o
outro. Primeiro, o outro estrangeiro, portador do significante da diferença, e,
portanto, invasor em seu território narcísico. Progressivamente, o círculo de ódio
vai se estreitando aos mais próximos, atingindo familiares, bem como a si mesmo
(Hassoun, 1997, p. 13-14). Tal como no conto de Poe mencionado acima.

No ódio ao estranho-estrangeiro, seja pela exacerbação do imaginário
especular nas relações sociais, seja pelo surto alucinatório de retorno ao real da
alteridade simbólica forcluída, as consequências são mortíferas.

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