Quais são os efeitos dessa exclusão (forclusão) do sujeito nas relações
que estabelecemos com os outros? – pergunta-se Hassoun (1997). O autor
afirma que, na paixão, o sujeito é capturado pelo outro a ponto de se deixar
despossuir de sua subjetividade pela imagem apaixonante na qual ele é a presa.
Na melancolia, o sujeito é tragado pelo terror e espanto diante de sua própria
indignidade, mergulhando num abismo de perplexidade, apatia e crueldade que
o despossui de seu desejo, de sua fala e de sua voz, dando voltas infinitamente
em seu enigmático desastre interior.
No caso do ódio, o sujeito que é sua presa acaba devorado pelo horror
que o outro lhe suscita e passa obstinadamente a tentar destruir essa suposta
causa de sua indignidade. Obsedado por essa ideia, o sujeito persegue por
todos os lados o obscuro e estranho objeto de seu ódio, para melhor destruir o
outro. Primeiro, o outro estrangeiro, portador do significante da diferença, e,
portanto, invasor em seu território narcísico. Progressivamente, o círculo de ódio
vai se estreitando aos mais próximos, atingindo familiares, bem como a si mesmo
(Hassoun, 1997, p. 13-14). Tal como no conto de Poe mencionado acima.
No ódio ao estranho-estrangeiro, seja pela exacerbação do imaginário
especular nas relações sociais, seja pelo surto alucinatório de retorno ao real da
alteridade simbólica forcluída, as consequências são mortíferas.
sábado, 29 de maio de 2010
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